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.Eu desenrolei o saco de dormir, tomei um gole de vinho, e deitei também.Estava exausto com o Amor queDevora.Mas era um cansaço livre de tensões e, antes de fechar os olhos, me lembrei do monge barbado,magro, que havia me desejado boa noite e que tinha se sentado ao meu lado.Em algum lugar lá fora estehomem estava sendo consumido pela chama divina.Talvez por causa disto aquela noite estivesse tão escura porque ele tinha condensado em si toda a luz do mundo.A MORTE Vocês são peregrinos? perguntou a velha senhora que nos servia o café da manhã.Estávamos em Azofra, um lugarejo de pequenas casas com escudos medievais na fachada, e com uma fonteonde minutos antes havíamos enchido nossos cantis.Eu respondi que sim, e os olhos da mulher mostraram respeito e orgulho. Quando eu era criança, passava por aqui pelo menos um peregrino por dia, a caminho deCompostela.Depois da Guerra e de Franco não sei o que houve, mas parece que a peregrinação parou.Deviam fazer uma estrada.Hoje em dia as pessoas só gostam de andar de carro.Petrus não disse nada.Tinha acordado de mau humor.Eu concordei com a mulher, e fiqueiimaginando uma estrada nova e asfaltada subindo montanhas e vales, carros com vieiras pintadas no capô, elojas de souvenirs nas portas dos conventos.Acabei de tomar o café com leite e o pão com azeite.Olhando oguia de Aymeric Picaud, calculei que na parte da tarde devíamos chegar em Santo Domingo de La Calzada, eeu planejava dormir no Parador Nacional.1 Estava gastando muito menos dinheiro do que havia planejado,apesar de fazer sempre três refeições por dia.Era hora de cometer uma extravagância e dar ao meu corpo omesmo tratamento que estava dando ao meu estômago.Tinha acordado com uma pressa estranha, com vontade de chegar logo a Santo Domingo,uma sensação que dois dias antes, quando caminhávamos para a ermida, estava convencido de que nãovoltaria a ter.Petrus estava também mais melancólico, mais calado, que habitualmente, e eu não sabia se erapor causa do encontro com Alfonso, dois dias antes.Senti uma grande vontade de invocar Astrain e conversarum pouco sobre aquilo.Mas nunca tinha feito a invocação na parte da manhã, e não sabia se ia dar resultado.Desisti da idéia.Acabamos nossos cafés e recomeçamos a caminhada.Cruzamos uma casa medieval comseu brazão, as ruínas de uma antiga estalagem de peregrinos, e um parque provinciano nos limites dopovoado.Quando preparava para embrenhar-me de novo através dos campos, senti uma presença forte domeu lado esquerdo.Continuei andando em frente, mas Petrus me deteve. Não adianta correr disse. Pare e enfrente.Fiz menção de soltar-me de Petrus e seguir adiante.O sentimento era desagradável, umaespécie de cólica na região do estômago.Por alguns momentos quis acreditar que era o pão com azeite, maseu já sentira antes, e não podia me enganar.Tensão.Tensão e medo. Olhe para trás a voz de Petrus tinha um tom de urgência.Olhe antes que seja tarde!Eu me virei de chofre.Do meu lado esquerdo havia uma pequena casa abandonada, com avegetação queimada pelo sol invadindo seu interior.Uma oliveira jogava seus galhos contorcidos para o céu.E entre a oliveira e a casa, olhando fixamente para mim, estava um cão.Um cão negro, o mesmo cão que eu havia expulsado da casa da mulher alguns dias atrás.Perdi a noção da presença de Petrus e fiquei olhando firme nos olhos do animal.Algumacoisa dentro de mim talvez a voz de Astrain ou do meu anjo da guarda me dizia que se eu desviasse osolhos, ele me atacaria.Ficamos assim, um olhando dentro dos olhos do outro, por intermináveis minutos.Eusentia que, depois de haver experimentado toda a grandeza do Amor que Devora, estava de novo diante dasameaças diárias e constantes da existência.Fiquei pensando porque o animal me havia seguido até tão longe,o que afinal ele queria, porque eu era um peregrino em busca de uma espada e não estava com vontade nempaciência de criar casos com pessoas ou animais pelo caminho.Tentei falar tudo isto por meus olhos lembrando os monges do convento que se comunicavam pela visão mas o cão não se movia.Continuava meolhando fixamente, sem qualquer emoção, mas pronto para me atacar se eu me distraísse ou mostrasse medo
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