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. Vocês enlouqueceram, isso sim! Será que algum de vocês levou a sério aaposta? Deixe-a disse a dona do hotel. Vamos cuidar do café da manhã.Pouco a pouco, o grupo se dispersou.Chantal continuava tremendo, segurando opão, incapaz de mover-se dali.Todas aquelas pessoas, que sempre viviam discutindoentre si, estavam pela primeira vez de acordo: ela era a culpada.Não o estrangeiro, nema aposta, mas ela, Chantal Prym, a incentivadora do crime.O mundo tinha ficado decabeça para baixo?Deixou o pão na sua porta, saiu da cidade em direção à montanha; não tinha fome,nem sede, ou qualquer tipo de desejo.Percebera algo muito importante, algo que aenchia de medo, de pavor, de terror completo.Ninguém tinha dito nada ao homem da furgoneta.Um acontecimento como aquele seria naturalmente comentado, fosse comindignação ou risos mas o homem da furgoneta, que levava o pão e as fofocas paraas aldeias da região, saíra sem saber o que estava acontecendo.Com toda certeza, aspessoas de Viscos estavam se reunindo ali pela primeira vez naquele dia, e ninguémtivera tempo de comentar com o outro o que acontecera na noite anterior emboratodos já soubessem do que se havia passado no bar.E tinham feito, inconscientemente,uma espécie de pacto de silêncio.Ou seja: podia ser que cada uma daquelas pessoas, no fundo do coração, estivesseconsiderando o inconsiderável, imaginando o inimaginável.Berta chamou-a.Continuava no seu lugar, vigiando inutilmente a cidade, porque operigo já entrara, e era maior do que se podia pensar. Não quero conversar disse Chantal. Não consigo pensar, reagir, dizerqualquer coisa. Pois apenas escute.Sente-se aqui.De todos que havia encontrado desde que acordara, era a única pessoa que a estavatratando com delicadeza.Chantal não apenas sentou, mas abraçou-a.Ficaram assim pormuito tempo, até que Berta quebrou o silêncio. Vá agora para a floresta, esfrie a cabeça; você sabe que o problema não é comvocê.Eles também sabem, mas precisam de um culpado. É o estrangeiro! Eu e você sabemos que é ele.Mais ninguém.Todos querem acreditar que foramtraídos, que você devia ter contado tudo isso antes, que não confiou neles. Traídos? Sim. Por que querem acreditar nisso? Pense.Chantal pensou.Porque precisavam de um culpado.De uma vítima. Não sei como esta história vai terminar disse Berta. Viscos é uma cidadede homens de bem embora, como você mesma disse, um pouco covardes.Mesmoassim, talvez seja bom você passar um tempo longe daqui.Ela só podia estar brincando; ninguém ia levar a sério a aposta do estrangeiro.Ninguém.Além disso, ela não tinha nem dinheiro, nem lugar para onde ir.Não era verdade: uma barra de ouro a esperava, e podia levá-la a qualquer lugar domundo.Mas não queria de jeito nenhum pensar nisso.Neste momento, como por ironia do destino, o homem passou diante delas e foicaminhar pelas montanhas, como fazia todas as manhãs.Cumprimentou-as com acabeça, e seguiu adiante.Berta acompanhou-o com os olhos, enquanto Chantalprocurava verificar se alguém na cidade o tinha visto cumprimentá-las.Diriam que erasua cúmplice.Diriam que havia um código secreto entre os dois. Ele está mais sério disse Berta. Há algo estranho. Talvez tenha se dado conta de que sua brincadeira transformou-se em realidade. Não, é algo além disso.Não sei o que é, mas.é como se.não, não sei o que é. Meu marido deve saber , pensou Berta, sentindo uma sensação nervosa edesconfortável que vinha do seu lado esquerdo.Mas não era o momento de conversarcom ele. Lembro-me de Ahab disse para a senhorita Prym. Não quero saber de Ahab, de histórias, de nada! Quero apenas que o mundovolte a ser o que era, que Viscos com todos os seus defeitos não seja destruídapela loucura de um homem! Parece que você ama este lugar mais do que pensa.Chantal tremia.Berta tornou a abraçá-la, colocando sua cabeça no ombro, como sefosse a filha que nunca tivera Como estava dizendo, Ahab tinha uma história sobre o céu e o inferno, queantigamente os pais passavam para os filhos, e que hoje está esquecida.Um homem, seucavalo e seu cão caminhavam por uma estrada.Quando passavam perto de uma árvoregigantesca, um raio caiu, e todos morreram fulminados.Mas o homem não percebeuque já havia deixado este mundo, e continuou caminhando com seus dois animais; àsvezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição.Berta pensou em seu marido, que continuava insistindo para que deixasse a moçapartir, já que tinha algo importante a dizer.Talvez já fosse tempo de lhe explicar queestava morto, e que parasse de interromper sua história. A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte, eles estavam suadose com muita sede.Numa curva do caminho, avistaram um portão magnífico, todo demármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qualhavia uma fonte onde jorrava água cristalina.O caminhante dirigiu-se ao homem queguardava a entrada. Bom dia. Bom dia , respondeu o guarda. Que lugar é este, tão lindo? Aqui é o Céu. Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede. O senhor pode entrar e beber água à vontade. E o guarda indicou a fonte. Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede. Lamento muito , disse o guarda. Aqui não se permite a entrada de animais. O homem ficou muito desapontado porque a sede era grande, mas ele não beberiasozinho; agradeceu ao guarda, e continuou adiante
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